18/12/08

Querido Sushi,

Entraste na minha vida devagar, devagarinho.

Chegaste sujo e com mau hálito, e só de te fazer festinhas ficava com as mãos encardidas como se tivesse estado a ler o jornal. Gostei logo de ti, mas não estava a gostar dessa parte.

Tinhas medo de qualquer barulho e acordavas assustado quando passávamos perto de ti. Sobretudo, tinhas medo de nos incomodar, de nos contrariar, lembro-me que nos primeiros dias nem ousavas entrar na sala. Só querias um canto para dormir...

Dormiste, dormiste, dormiste.

Nunca refilaste quando a Emma te chateou. E o quanto ela te chateou!!!

A única coisa que não gostavas era que te puséssemos Betadine nas feridas que trazias nas orelhas. Decidimos que o tempo haveria de curar essas feridas e que não valia a pena massacrar-te com o tratamento. Desejámos que o nosso amor curasse as outras feridas, as mais profundas, a de teres sido rejeitado e abandonado à tua sorte.

Mas até tiveste sorte. Vieste parar a casa dos malucos por cães grandes. A mim o teu tamanho nunca incomodou, apenas me fez perspectivar tudo. Agora é a Emma que é pequena e não tu que és grande.

És tão sossegado, tão silencioso, tão paciente, às vezes quase nem dou por ti. Se bem que fazes questão de te deitares atrás da minha cadeira ou à frente do meu lugar no sofá e tenho sempre de ter cuidado quando me levanto.

Não queria afeiçoar-me muito, sabes. Porque não sabia por quanto tempo ias ficar lá por casa. Referia-me a ti como o novo inquilino, demorei a usar o plural para me referir aos "meus cães". Mas foi nas férias que conquistaste o pouco que ainda te faltava conquistar. Portaste-te tão bem! A maneira como nos mostraste que nos seguirias sempre e que agora nós erámos os teus donos, foi algo indescritível e comovedor. Acabou com todas as dúvidas. Foi aí que, apesar das opiniões em contrário, eu soube que não havia realmente nenhuma decisão a tomar. Já fazias parte da minha família, aquela que estou a construir aos poucos e que me vai acompanhar para sempre.
E sinceramente não percebo quem não te quis para amigo, porque és o melhor cão que conheço. És o MEU cão!

Passaram-se quatro meses. Estás mais bonito e estás, sem dúvida, feliz. Tens uma cama, uma casa, uma mana canina ("pecanina" ao pé de ti), uma família!



Gosto muito de ti grandalhão!!! Tanto tanto tanto!


Beijinhos,

tua dona.

2 comentários:

Sandra Duarte disse...

;)
Eles chegam devagarinho e depois ficam para sempre. É tão bom. Eu também tenho duas amigalhaças, grandonas. Inicialmente era só para ficar uma mas.... já se sabe. Apaixonei-me perdidamente por duas lindonas!
Muitas felicidades para si e para os seus amiguinhos!
Um abraço

Teresa disse...

Amei o final feliz da história do Sushi, que li de lágrimas nos olhos. Fui logo à procura de fotografias dele.
É lindo! Bem hajas por essa adopção!
Beijinho.