Só mesmo neste bairro...
- numa das vivendas vive uma ovelha que anda pela casa como se fosse um cão e até vai à rua com uma trela. Quem me contou foi a minha vizinha do lado, que da primeira vez que viu a dita ovelha, como ainda era bebé, até pensou que fosse um caniche. Mas depois a respectiva dona explicou-lhe que a ovelha lhe tinha sido oferecida e ela não sabia o que fazer porque já toda a família estava afeiçoada e não a conseguiam matar. Bem haja!!! Ou deveria dizer, méééé!!!
- a mesma vizinha, que não entra ou sai do prédio sem vir à minha janela fazer festinhas à "bailarina" (Emma) - meu deus como a Emma ADOOORA a minha vizinha -, dava pedacinhos de fiambre a uma gatinha preta com a pata partida que dormia numa das floreiras da varanda da sala dela. A gatinha tinha o mesmo nome que a filha da minha vizinha até ter sido adoptada por outro morador aqui do bairro. Agora não sei que nome tem, mas haviam de ver o despeito com que a minha vizinha se queixa de lhe terem "levado" a Ritinha.
- a mesma vizinha recebe serenatas de um pavão a quem baptizou de Toni Carrera (no jardim aqui do bairro há outro pavão chamado Pavarotti). Quando os pavões saem do jardim e andam a passear aqui pelo estacionamento é de morrer a rir. Mas este fica à janela dela até ela lhe dar comida - o fiambre que dantes era para a Ritinha. ehehe
- o meu prédio tem dois porteiros muito especiais: o Crispim (um gato tartaruga) e o Gui (um gato preto). Vão comer e dormir à garagem por baixo do meu quarto, que por sua vez pertence à minha vizinha que é senhoria da minha vizinha do lado e que é comadre de uns outros vizinhos aqui do prédio. (A confusão é ainda maior se vos contar que os primeiros donos da minha casa ainda vivem cá no prédio. Enfim, somos todos uma grande família.) O Crispim entra e sai, porque vai dormir a sesta a casa dos meus vizinhos de cima e quando se farta pede para ir novamente para a rua. Não sei exactamente quando é que o Gui apareceu por aqui, mas o Crispim sei que está cá desde que nós também nos mudámos (há mais de 2 anos) e chegámos a tentar ficar com ele mas ele não foi na conversa. É o gato mais cão que conheço, toda a gente lhe faz festinhas e ele até vai passear juntamente com os cães (não com os meus). Ele agora está doente e uma das suas "madrinhas" leva-o ao vet sempre que ele precisa.
- o prédio dos meus sogros, na rua abaixo, também tem uma porteira. É uma gata preta chamada Margarida (hehehe) que vive numa casinha de madeira decorada com desenhos feitos pelos filhos dos vizinhos dos meus sogros. Ela é muito esperta: nas arcadas do prédio há uma casa de congelados e ela tem direito a comer peixinho todos os dias...
- no Verão passado, na mesma noite em que o Dono trouxe a Mia da rua, os outros manos dela foram todos recolhidos por diferentes vizinhos. Só o soube depois, em conversa com as tais velhotas que sabem tudo sobre as pessoas e os animais do bairro. Fiquei sensibilizada porque sem que ninguém tivesse combinado todos os gatinhos bebés foram salvos e não chegaram a ficar na rua muito tempo.
- há comida com fartura para as colónias de gatos que vão aparecendo aqui e ali. Numa das ruas só há gatos pretos (cheguei a contar 6), perto do quarteirão das vivendas há outra colónia mais pequena, dentro do jardim nem faço ideia de quantos gatos por lá andarão. O que eu sei é que se solto a Emma ou o Sushi (que já aprendeu com ela) essa comida desaparece porque eles já conhecem os spots todos...
- no prédio do lado, no mesmo apartamento onde mora a Jessie, uma Weime por quem o cão dos meus sogros é apaixonado (logo ele que é um pisco de cão eheheh), mora também o Gigi, um gatarrão branco e cinzento. O Gigi tem licença para entrar e sair de casa a seu bel-prazer, mas o que ele gosta mesmo é de estar deitado na floreira do quarto da sua dona, onde até tem sempre um galho para quando quer fazer manicure.
- por fim, para além dos pavões do jardim, das colónias de gatos e dos muitos cães que há em todo o bairro, há também os patos. Existe um pequeno ribeiro que vem do jardim e passa pelo estacionamento em frente ao meu prédio. Às vezes os patos saem do jardim para fazer um pouco de turismo. O problema foi que, numa destas noites mais invernosas, a corrente arrastou 6 patinhos bebés e um dos meus vizinhos apercebeu-se e decidiu salvá-los. Com a ajuda de outra vizinha (a tal que é comadre dele e senhoria da outra), apanharam os patinhos e levaram-nos para passar a noite resguardados na garagem (porque essa minha vizinha tem duas cadelas e dois gatos e a coisa não ia correr bem), para no dia seguinte irem soltá-los novamente no jardim, porque àquela hora já estava fechado, claro. Enquanto a minha vizinha foi buscar um alguidar e umas mantinhas a casa eu fiquei a fazer de babysitter aos patinhos no hall do prédio e deliciei-me com aquelas miniaturas peludinhas, que me davam bicadinhas nas mãos e faziam cócegas.
Neste bairro, que parece saído de uma história infantil, toda a gente gosta de animais. Nunca ninguém se queixou por eu ter dois cães enormes dentro de um apartamento ou por eles às vezes ladrarem a altas horas. Pelo contrário, toda a gente os conhece e os cumprimenta. Eles fazem as delícias dos meus vizinhos aqui do prédio! Infelizmente, sei que esta minha sorte (e é mesmo uma enorme sorte) é uma excepção. Há prédios onde o regulamento proíbe a existência de animais. Há muitas pessoas que sofrem porque os vizinhos que embirram com o cheiro ou o barulho ou os pêlos dos animais.
Por isso, ainda bem que vim parar ao bairro certo. Não tenciono mudar-me para outro tão depressa...
7 comentários:
Que confusão!!
Nem sabes a inveja que tenho deve ser lindo viver rodeado de gente que gosta de animais,e essa mistura toda deve ser fantástico..
Tão giro!!
Podias fazer uma reportagem para uma revista. É uma história linda! :)
Tão bom!!!!!!!!!
realmente era uma história gira para uma revista, parece mesmo saída de um conto de fábulas, mas existem mais por aí, só custa é encontrar-los :D
hehehe grandes ideias! talvez para a newsletter do sos animal... quem sabe?
enfim, tenho mesmo muita sorte em ter vizinhos assim!!!
" o meu prédio tem dois porteiros muito especiais: o Crispim (um gato tartaruga) e o Gui (um gato preto)."
Apenas um reparo sobre esta frase : Minha krida o Crespim não pode ser um gato macho, se é tartaruga no reino felini é sempre uma femea, Ok ! Tens que lhe chamar Crespina! beijos
Que bom que era existirem mais pessoas assim!
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