20/01/10

57

Acho que nunca aqui falei numa das maiores personagens caninas do meu bairro: o "57". Obviamente, este não é o seu verdadeiro nome, nem sei qual será, mas é uma alcunha inventada pela minha querida vizinha do lado e assenta-lhe que nem uma luva.
E 57 porquê? Porque o cão apesar de minúsculo (Yorkshire Terrier anão, mais pequeno que a cabeça do Sushi, portanto) deve ter uma bexiga mesmo muito grande. Então não é que alça a perna para aí umas 57 vezes em cada passeio? Ficou então conhecido como o "Mijinhas 57" ou só "57" para os amigos.

Ora, este cão é completamente MA-LU-CO. Desata a ladrar a tudo o que mexe e, não contente com isso, ataca a bengala do seu dono, um velhote caquético ainda mais maluco do que o cão. É que o 57 não gosta de machos, só de fêmeas, por isso o seu dono anda sempre muito preocupado a perguntar a toda a gente que está a passear os seus cães:
- É cão ou cadela?

Claro que, caquético como é, esquece-se sempre entre um passeio e outro, por isso no dia seguinte pergunta outra vez. E, claro que, como é velhote e um bocado surdo, para fazer esta pergunta e ser capaz de realmente ouvir a nossa resposta (acompanhada de um revirar de olhos e de um "Balhamedeus, outra vez?!"), ele aproxima-se bastante. Ora, ele tem um cão, as outras pessoas também, podem imaginar o que é que acontece a seguir.

Por vezes, não é o velhote caquético que passeia o 57, mas sim a sua mulher. Igualmente caquética. Aliás, igualmente não, ela é pior. Gosta de deixar o 57 passear à solta, o que não corre bem porque ele vem meter-se com os outros cães, que por sua vez são maiores (não é difícil) e depois é um ai-jesus.

Num desses encontros imediatos, estava eu com dificuldades a segurar o Sushi e o 57 estava para aí a um metro de distância a ladrar incessantemente, ela lá decidiu que devia ir buscar o seu cão e quando se aproximou de mim e me viu aflita disse-me:
- Ó menina, não tenha medo, o meu cão não morde!

Ao que eu respondi:
- Eu não estou com medo que ele me morda, estou é com o medo que o meu cão o coma!

E ela - leiam com atenção - deve ter achado muita graça porque decidiu vir fazer festinhas ao Sushi enquanto segurava o 57 ao colo. O cão esteve a milímetros da boca do Sushi quando ela fez isto, vocês não estão bem a imaginar.

Essa ficou para a história.

Mas hoje, quando estava a sair do carro e os meus cães estavam à janela, tive de dizer ao Dono para segurar o Sushi antes que ele saltasse de dentro de casa para a rua, porque o 57 estava a passar mesmo em frente. O Dono lá o segurou, mas deixou a Emma e o Sushi continuarem empoleirados no parapeito. Eles rosnaram, ladraram, fizeram a festa toda, e o dono do 57 decidiu parar precisamente por baixo da minha janela, alheio a tudo isto, e meteu conversa comigo (adivinhem o que é que ele perguntou?) e não se ralou nada. Ora se o Sushi tivesse saltado da janela como já fez acho que alguém hoje virava hambúrguer...

1 comentário:

Ka disse...

Ahahaha, hambuerguer marca "57"! :D