Uma cadela hiperactiva, um cão traumatizado, um Dono relaxado, uma Dona babada... e agora uma Danoninha sanguessuga. Enfim, uma família de doidos!
03/02/09
Aviso: este post é longo, à séria e saído directamente das entranhas de tão pessoal que é.
A maioria das pessoas que conheço, ou melhor, das mulheres que conheço, tem uma relação complicada com a sua mãe. Eu não sou excepção.
A minha mãe é a minha e vou sempre apreciá-la por isso. Também não pretendo pôr em causa o amor dela por mim. Tenho a certeza que ela faz o melhor que pode, da mesma maneira que eu também cometerei erros quando for mãe, sem saber e sem o fazer por mal. A minha mãe gosta de mim. Simplesmente gosta de mim à maneira dela, que é muito sui generis, porque ela tem dificuldade em amar ou em demonstrar amor seja por quem fôr.
Acho também importante deixar claro que não acredito em famílias perfeitas, porque as pessoas não são perfeitas e porque isto das relações humanas é muito difícil. Dito isto, não penso que seja assim tão chocante tornar público que a minha família (no sentido da família nuclear na qual nasci) não me diz muito.
Podem ainda não ter percebido, mas este post é sobre os meus bichos.
O R., depois a Emma, mais recentemente o Sushi e os filhos que se tudo correr bem teremos tempo de ter, são a família que eu escolhi, a família que estou a construir para o meu "daqui para a frente". Não há nada mais importante para mim. NADA! Como boa carangueja que sou, onde me sinto bem é em casa, com eles, a fazer bolos ou a ver um filme. E claro que respeito quem opta por não ter nenhum animal (os que me dizem que não gostam de animais lá levam com um olhar mais desconfiado), mas na realidade há muitas pessoas que até é melhor que não os tenham, por vários motivos, mesmo que até gostassem. O meu pai, por exemplo, cresceu com animais e hoje em dia bem que gostava de ter um para lhe fazer companhia (ele está reformado mas a minha mãe ainda trabalha). O obstáculo, tal como enquanto eu crescia e pedia para ter um, é a minha mãe.
Falemos de cães. Se eles forem pequenos, não largarem pêlo, não ladrarem, não saltarem, não babarem, não derem beijinhos, não tiverem o focinho húmido, não fizerem disparates em casa e, sobretudo, se forem dos outros - então a minha mãe gosta deles. Não há nenhum cão, a não ser os de peluche, que corresponda a esta descrição, e os meus monstros grandes, abrutalhados e all-over-you então é que são mesmo o oposto. Por isso, os meus pais vão poucas vezes a minha casa. Quando vão, ficam por pouco tempo. E, mesmo assim, o pouco tempo que ficam é suficiente para eu ver estampado na cara da minha mãe o quanto ela não gosta dos meus cães e para ela ver estampado na minha cara o quanto isso me magoa. Eu bem que tento, mas é inevitável que o facto de ela nem pelo menos tentar compreender a importância que eles têm para mim me magoe, como acho que aconteceria a qualquer outra pessoa nas mesmas circunstâncias. São pequenas bocas, alguns olhares, uma ou outra atitude despropositada... É como se eu estivesse constantemente a desapontá-la e os meus cães fossem apenas mais um capítulo numa história intitulada "Porque é que a minha filha saiu assim?".
Mas quando, no meio dos emails de correntes da sorte com músicas melosas e imagens a la ambiente windows que me costuma enviar, a minha mãe me encaminha um sobre animais e se refere,pela primeira vez, aos meus cães pelos respectivos nomes, a minha alma fica pasma... Não que isto seja um sinal de mudança por aí além, mas pelo menos fiquei a saber que ela sabe os nomes deles, só não os utiliza habitualmente por escolha própria. Prefere referir-se como "o bicho" e "a bichinha" (e não, não é com o mesmo sentido carinhoso com que a minha amiga Pipa chama o seu mais-que-tudo). Enfim, se calhar sou só eu que dou importância ao nome das coisas, das pessoas, dos animais. Mas o facto é que os meus cães são mesmo importantes para mim, mais do que algumas pessoas. Não tenho vergonha nenhuma em admitir que os amo. O que me daria vergonha sim seria admitir que alguém, seja a minha mãe ou outra pessoa, faça pouco caso disso.
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3 comentários:
Olá,
eu também sou assim com os meus mais que tudo.
E tenho uma avó que também não é muito dada a sensibilidades.
Mas olha, é como tu dizes, a tua família de agora é a que tu escolheste e... não vale a pena dizer mais nada, pois não?
Um abraço e festinhas para os doidivanas!
Canzoada com sorte, dona a fazer bolos, hem? Aposto que sempre vão tendo direito a umas migalhas...
(é incrível como os donos podem ficar magoados por os seus cães serem olhados de lado. Mas há muita gente que não tem a noção disso... E muitas vezes não fazem por mal. Mas é difícil viver com isso...
Só diria que o teu pai deveria poder ir aí sozinho - curtir a filha, o genro e respectiva canzoada... :)
LOL
os meus pais estiveram cá hoje. e foi a fita do costume. prendi a Emma por causa de ela nao saltar para a minha mãe e não lhe andar ainda mais motivos para a olhar de lado. e mesmo assim ela embirrou com o Sushi (nem sabia qual deles é que ele era) e o meu pai é que ainda teve a brincar um bocadinho com ele para matar saudades de ter um cãopanheiro.
tenho mesmo de me conformar... obrigada por me fazerem ver que nao sou a única!
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